domingo, 23 de março de 2008

As próprias idades têm individualidade :

cada idade tem a sua própria individualidade, a sua própria tarefa de desenvolvimento, o seu próprio clima e a sua própria maneira de ser. E como o desenvolvimento não avança numa simples direção em linha reta, é de se esperar que idades de desequilíbrio se alternem com idades de equilíbrio...
há idades em que a maioria das crianças parece caracterizar-se por um equilíbrio geral e uma adaptação fácil e comunicativa aos fatores ambientais e às exigências da vida do dia a dia. Outras idades são precisamente o contrário e parecem caracterizar-se por um desequilíbrio ou um retraimento generalizado. Nessas idades, todas as áreas da existência podem ser afetadas e a criança pode ter problemas com a alimentação, o sono, a reação às outras pessoas e até à vida em geral.
Quando estas fases ocorrem, quando seu filho "bom" se torna subitamente "mau", é difícil a muitos pais manterem sua objetividade. É natural que eles procurem uma explicação ambiental do comportamento e achem que alguém ou alguma coisa deve ser responsável por ele. Mas... esse é o processo do desenvolvimento e não temos necessariamente de responsabilizar o ambiente ou a criança quando as coisas correm com menos suavidade.
Eis aqui em breve resumo, o esboço da personalidade das diversas idades:
4 semanas - tende a ser uma idade tranquila. O bebê manifesta, para uma criatura ainda tão jovem, evidentes mudanças de maturidade, se o compararmos com o que ele era ao nascer. Os músculos têm outro tônus, é menos sujeito a sobressaltos, a respiração é mais funda e mais regular, engole com mais segurança, não se engasga nem regurgita tanto. Embora ainda passe a maior parte do tempo dormindo, quando está acordado fixa os olhos no rosto das pessoas e pode aquietar-se quando lhe pegam no colo. Está sem dúvida, seguindo seu caminho, embora ainda passe mais tempo deitado de costas, dormindo do que fazendo outra coisa qualquer.
16 semanas - já são mais expansivos e expressivos, verifica-se uma excelente simetria de postura e um interesse tanto pelos objetos como pelas pessoas. Ele sorri espontaneamente, inicia suas explorações, quer agarrando em objetos, quando está deitado de costas, quer olhando para eles, quando em posição sentada e convenientemente apoiado.
28 semanas - entre 20 e 24 semanas aquietam-se e retraem-se um pouco, mas, às 28 semanas, são de novo, na sua maioria, comunicativamente expansivos, lançando-se de todas as maneiras, no mundo que têm à sua volta - novas perspectivas , novos sons e novas atividades fascinam o bebê. Gosta, agora, de estar sentado, e essa posição deixa-lhe as mãos livres para assim, poder agarrar e manusear. Deitado de barriga para baixo, está quase conseguindo virar-se. Socialmente, é capaz de distinguir uma pessoa estranha, de conversar com os seus brinquedos, de sorrir à sua imagem no espelho e de reagir de forma encantadora à mãe e ao pai.
40 semanas - é um novo mundo para conquistar...senta-se sozinho, com bom domínio de seu físico, engatinha, faz força para se pôr de pé - capacidades locomotoras que agora lhe permitem deslocar-se. Maneja objetos com vontade e interesse, e a sua ardente sociabilidade inclui, agora autênticas palavras, tais como "mamãe" e "papai". Todavia, não se tornou ainda, uma pessoa social.
52 semanas - já se mantém de pé e até é capaz de caminhar, levado pela mão. Manusear objetos não é tão interessante, mas permite-lhe participar em brincadeiras infantis recíprocas, como bater palmas, dizer adeus...o mundo das palavras, como a posição de pé, constitui uma nova dimensão. Muitos bebês já têm duas palavras, além de "mamãe" e "papai". Imitam sons, respondem quando os chamam pelo nome, reagem adequadamente a "Não, Não"! e "Me dá".
15 meses - não é uma idade fácil para alguns deles. A capacidade de dar alguns passinhos leva o bebê para terrenos novos, mas o seu andar ainda não é firme. Limitado ao seu espaço, "exige que o libertem"!!! Atira os brinquedos e depois quer lhes sejam dados outra vez. A sua atividade não se esgota. É um veículo motorizado. O seu vocabulário, embora alargado, não é ainda suficiente para exprimir com eficácia as suas múltiplas e imperiosas exigências. Isso pode criar problemas temporários, a ele próprio e aos que o rodeiam. Ela sempre dá sinal de sua presença. Exige mais e aceita menos do seu ambiente do que quando era simplesmente um bebê.
18 meses - ela caminha por uma via de sentido único, e essa via, na maior parte dos casos, leva-a a uma direção exatamente oposta àquela que os adultos têm em mente. É difícil a criança prestar atenção quando falam com ela, obedecer às ordens que lhe dão, manter-se dentro dos limites razoáveis. E é senhora de uma vontade extremamente forte. As suas imaturidades no domínio motor, adaptador, da linguagem e emocional podem provocar-lhe acessos de fúria.
2 anos - as cosias correm agora muito melhor em quase todas as áreas de comportamento. Uma maior maturidade e uma prontidão serena para fazer aquilo de que é capaz, sem tentar teimosamente fazer aquelas coisas que não consegue fazer, dão como resultado um equilíbrio muito bom. Ela está segura de si, tanto no domínio motor como no da linguagem. Também, emocionalmente, a vida lhe parece mais fácil ( uma vez que as suas exigências não são tão violentas como eram antes ), e desenvolveu-se nela a capacidade de esperar e de suportar frustrações ligeiras ou temporárias.
2 anos e meio -tende a ser rígida e inflexível - quer precisamente aquilo que quer e quando ela o quer. Todas as coisa têm de estar no lugar que ela considera ser o seu lugar apropriado e tudo tem de ser feito exatamente de determinada maneira. Estabelece rotinas rígidas e espera que todos lhe obedeçam. É dominadora e exigente. É ela quem tem de tomar as decisões e as suas necessidade são muito intensas. As suas emoções são violentas. E esta idade é, acima de tudo, uma idade de extremos opostos. Ela não tem capacidade para escolher entre alternativas e assim, oscila interminavelmente, entre quaisquer dois extremos : " Quero - Não quero"!, "Faço - Não faço".
3 anos - para a maior parte das crianças, as coisas aquietam-se aos 3 anos, durante um certo período. Tanto quanto a criança de 2 anos e meio gostava de opor resistência, a de 3 anos gosta de se conformar. Agora a criança gosta tanto de dar como receber. Gosta de cooperar. Quer agradar. Parece encontrar-se num bom equilíbrio, não só com aqueles que a rodeiam, mas também, consigo própria. As pessoas são importantes para ela e gosta de criar amizades. A sua acrescida capacidade de linguagem permite-lhe apreciar a conversa e reagir bem a sugestões verbais.
3 anos e meio - manifesta uma vontade extremamente forte e é difícil conseguir dela qualquer gênero de conformidade. É capaz de fazer oposição a toda espécie de rotina. Insiste em fazer o que quer e parece que contraria pelo simples prazer de contrariar. Embora não mostre nenhum desejo de ser agradável é , emocionalmente, muito vulnerável e pergunta com frequência : " Você gosta de mim"? Não tolera que a ignorem, mas também, se perturba com um excesso de atenção. "Não quero que você ria"!, ordena ela...
4 anos - É uma idade expansiva e " fora das marcas". A criança, como se fosse movida por uma máquina, pode atacar, dar pontapés, atirar pedras, quebrar coisa e fugir. Nas suas manifestações emocionais, ou ri estrondosa e totalmente, ou tem acessos de fúria. No aspecto verbal, comporta-se extraordinariamente além dos limites : mente, pragueja, fanfarreia, contraria...adora desobedecer às ordens dos pais e parece que prospera com os castigos. Muitas crianças desta idade mostram-se tremendamente intratáveis, são arrogantes, provocadoras...no entanto, no seu íntimo, não parecem sentir nenhum mal estar e podem ser perfeitamente encantadoras e divertidas...
4 anos e meio - a meio caminho entre a criança "fora das marcas" dos 4 anos e a calma criança de 5, a de 4 anos e meio parece não saber, muitas vezes, em qual dos níveis está agindo e por consequência , o seu comportamento pode ser extremamente variável e imprevisível. Essa extrema variabilidade e imprevisibilidade tornam a vida difícil à criança e àqueles que a rodeiam. É uma idade intelectual, sumamente investigadora e perguntadora...uma das favoritas é : "Isto é verdade?". Separar a realidade da fantasia constitui uma autêntica preocupação sua.
5 anos - é um período de equilíbrio extremo e encantador. Tende a ser calma, estável, digna de confiança e bem a ajustada. É uma criatura amigável e nada exigente para com as outras pessoas. Gosta de agradar. A mãe parece ser o centro do seu mundo e a
criança gosta de estar com ela, de fazer o que ela lhe pede, de lhe ser agradável..."Hoje vou fazer só coisas boas e nenhuma coisa má". , dirá esta criança de 5 anos...gosta de que a ensinem, gosta de pedir licença e gosta de obedecer...gosta de ajudar e é, por um curto período, um ser sociável encantador...
5 anos e meio a 6 anos - agora aparecem os turbulentos 6 anos ... esse comportamento assemelha-se àquele que observamos aos 2 anos e meio; a criança é violentamente emotiva e tende a funcionar em extremos opostos: "Adoro - Detesto". É ela própria agora o centro de seu mundo e quer ser a mais amada, ser sempre a primeira a ter tudo para ela. Quando alguma coisa vai mal, censura a mãe e diz-lhe o que tem contra ela. Não suporta perder, esperar pela sua vez, repartir com os outros. Tem de ter sempre razão, precisa de ser ela a ganmhar, exige que lhe façam elogios. Quando as coisas correm bem para ela é uma pessoa afetuosa, entusiástica, interessada, pronta para tudo o que se queira...quando elas lhe correm mal, refugia-se nas birras e nas lágrimas...
Muito embora a base da individualidade de qualquer pessoa seja, em larga medida, uma base congênita e assente nas estruturas físicas herdadas, são infinitas as variações possíveis...teremos a interessante combinação da individualidade inata e da idade...
...quando um indivíduo calmo e bem equilibrado chega a uma idade calma e bem equilibrada, as coisas podem correr realmente bem...
...quando uma pessoa que não é lá bem equilibrada chega a uma idade caracterizada também pelo desequilíbrio, as coisas podem tornar-se muito desagradáveis...
...e temos de contar com o fator sempre imprevisível do ambiente. Num ambiente altamente favorável, o nosso menino ou menina, pode encontrar a possibilidade de retirar o máximo proveito das suas potencialidades inatas. Num ambiente indiferente ou hostil, apenas algumas dessas potencialidades básicas poderão conseguir exprimir-se...
As possibilidades parecem não conhecer limites. Mas nunca nos esqueçamos de que, embora nos caiba a importante responsabilidade de tentar conseguir que nosso filho tenha oportunidade de exprimir com a máxima plenitude as suas potencialidades, a maneira como ele virá a ser não está inteiramente nas nossas mãos... o potencial genético faz sentir a sua força.

Um comentário:

Anônimo disse...
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