domingo, 19 de outubro de 2014

AS TEMIDAS MORDIDAS


Nesta primeira fase de vida até por volta dos 2 anos, 2 anos e meio, as mordidas são esperadas pois a criança além de não se expressar ainda, verbalmente, a boca é a “primeira interação” com o mundo. Com ela, faz incríveis descobertas!
Existem vários motivos para que a criança, nesta primeira infância, morda. A mordida faz parte dos mecanismos de defesa mais primitivos do homem e as crianças desde o nascimento costumam sugar, chupar, mastigar, morder, levando tudo o que encontram à boca. É comum vermos uma criança mordendo brinquedos, sapatos e até pessoas que fazem parte do seu mundo.
Esta fase, então é conhecida como “fase oral” e é nela que as crianças buscam novas sensações, entendendo melhor o mundo em que vivem, tendo consciência de seu corpo, do outro e dos limites. Como não conseguem comunicar-se verbalmente, pois ainda não aprenderam a falar direito é bem comum darem mordidas, expressando assim, suas necessidades, suas insatisfações, seus descontentamentos, suas vontades, precisam extravasar suas ansiedades e suas angústias, enfim, seus sentimentos, que muitas vezes, ainda não estão totalmente claros. Mordem por não se expressarem claramente, sem um repertório eficiente para sua comunicação.
Muitas vezes, as crianças mordem como uma maneira de chamar a atenção dos pais, pois podem estar atravessando um momento de “turbulência” em casa. Seus pais podem estar brigando, em fase de separação, a mamãe pode estar grávida, um maninho pode ter acabado de chegar, a dinâmica da casa pode estar revirada, casa nova, uma visita interferindo na rotina diária e até atitudes dos pais e dos vovós que brincam de morder a barriguinha ou alguma gordurinha da criança. Aí, a criança tende a repetir e imitar exatamente este comportamento sem ter o controle do seu físico e o irmão ou o amigo são os primeiros alvos...
Outro fator é quando a criança sentindo-se contrariada, avança e “nhoc”, morde quem lhe disse um “não”.
Às vezes, esta fase de mordidas coincide com a entrada da criança na escola, na qual, tem de compartilhar a atenção da professora, dividir e disputar brinquedos com os amiguinhos, a separação não consciente da mamãe, o ciúme da professora com a chegada do amigo novo... Tanto na escola como em casa, a criança que tinha atenção só para ela e tinha todos os seus desejos atendidos prontamente, acaba sentindo-se frustrada, angustiada, preterida, etc...e sua maneira de enfrentar esta situação é distribuir mordidas no braço, na mão, no rosto, nas costas do irmão ou do amiguinho ou também chutes, beliscões, tapas, arranhões, puxões de cabelos...
Nós, então, necessitamos trabalhar em conjunto, numa mesma sintonia, seguindo atitudes próximas, sermos firmes, mostrarmos o ferimento de quem foi mordido, explicando-lhe que ele machucou o amigo, que ele tem dor, que ficou triste, tentarmos descobrir o que pode estar desencadeando esta situação e aí encontrarmos estratégias para minimizar tal atitude. Sempre ao falar com a criança que mordeu, abaixe na sua altura, olhe em seus olhinhos, converse sem gritar mas com firmeza e seriamente, mostrando-lhe que existem outras formas de se expressar, inclusive, estimulando-o a pedir desculpas.
Ao percebermos que esta atitude continua repetindo-se, conversamos carinhosamente, colocamos a criança junto a nós, acalmando-a, pedindo que respire, relaxe longe das brincadeiras durante alguns minutos, tempo suficiente para que perceba que ficamos descontentes. Com o tempo, tendo maior controle verbal, ela tende a trocar as mordidas pelas palavras, conversando mais do que agindo com o seu corpo físico. E... raramente, após os 3 anos, ela continuará mordendo, pois aprendeu a comunicar-se da melhor maneira possível.
É importante sabermos agir diante de tal fato, com coerência, discernimento, paciência e carinho. Isto é uma fase e vai passar! Sabemos inclusive, como é terrível receber a notícia de que seu filho foi mordido...e para nós, muito triste, termos de dar-lhes esta notícia. Não gostaríamos jamais que isto acontecesse, mas, às vezes, é inevitável, tudo acontece rápida e instintivamente...um bracinho apoiado em cima de um brinquedo pode ser um “alvo” para esta criança...
Portanto, cuidado com as palavras, como “mordedoras”, “roedoras”, “animais”, etc...cuidado com “tirar satisfação” com os pais de quem mordeu, pois nada adiantará. Pense que um dia seu filho pode ser esta criança que morde!!!
Os pais da criança que morde já estão profundamente constrangidos, arrasados, chateados, preocupados, sem saberem como agir e tristes ao perceberem que seu filho está sendo “isolado”, “deixado de lado”, “preterido” ou até mesmo “rotulado”. Então, vamos tentar juntos, com carinho e atenção especial ajudar nossos pequenos, nesta fase tão delicada. A conversa franca, o amor incondicional, a entrega com qualidade, o infinito lúdico proporcionarão que esta criança sinta-se tão AMADA, QUERIDA, ACALENTADA, PREFERIDA que logo esta fase desaparecerá.

Com carinho

Que historinha linda !

Perguntaram à uma menina de 9 anos o que ela queria ser quando crescesse.

Ela respondeu :

- "Eu gostaria de ser AVÓ" !

Ao ser interrogada sobre o porquê dessa idéia, ela completou:

- " Porque os AVÓS escutam, compreendem. E, além do mais, a família se reúne inteirinha na casa deles. Uma AVÓ é uma mulher velhinha que não tem filhos. Ela gosta dos filhos dos outros. Uma AVÓ leva os meninos para passear e conversa com eles sobre pescaria e outros assuntos parecidos. Os AVÓS não fazem nada, e por isso podem ficar mais tempo com a gente. Como eles são velhinhos, não conseguem rolar pelo chão ou correr, mas...não faz mal. Nos levam ao shopping e nos deixam olhar as vitrines até cansar. Na casa deles tem sempre um vidro com balas e uma lata cheia de suspiros. Eles contam histórias de nosso pai e de nossa mãe quando eram pequenos, histórias da Bíblia, histórias de uns livros bem velhos com umas figuras bem lindas. Passeiam conosco mostrando as flores, ensinando seus nomes, fazendo-nos sentir seu perfume. AVÓS nunca dizem depressa, já para cama, ou se não fizer logo, vai ficar de castigo. Quase todos usam óculos e eu já vi tirando os dentes e as gengivas. Quando a gente faz uma pergunta, os AVÓS não dizem : Menino, não vê que estou ocupado??? Eles param, pensam e respondem de um jeito que a gente entende. Os AVÓS sabem um bocado de coisas. Eles não falam com a gente como se fôssemos bobos. Nem se referem a nós com expressões tipo...que gracinha...como fazem algumas visitas. O colo dos AVÓS é quente e fofinho, bom da gente sentar quando está triste.

TODO MUNDO DEVERIA TENTAR TER UM AVÔ OU UMA AVÓ, PORQUE SÃO OS ÚNICOS ADULTOS QUE TÊM TEMPO PARA NÓS.


Meus avós ...
já estavam casados há mais de cinquenta anos e continuavam jogando um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar. A regra do jogo era que um tinha que escrever a palavra "NEOQEAV" num lugar inesperado para o outro encontrar e assim quem a encontrasse deveria escrevê-la em outro lugar, e assim sucessivamente. Eles revezavam-se deixando "NEOQEAV" escrita por toda a casa, e assim que um a encontrava era sua vez de escondê-la em outro local para o outro achar.
Escreviam "NEOQEAV" com os dedos no açúcar dentro do açucareiro ou no pote de farinha para que o próximo que fôsse cozinhar a achasse. Escreviam na janela embaçada pelo sereno que dava para ó pátio onde minha avó nos dava pudim que ela fazia com tanto carinho.
"NEOQEAV" era escrita no vapor deixado no espelho de um banho quente, onde a palavra iria reaparecer depois do próximo banho. Uma vez, minha avó até desenrolou um rolo inteiro de papel higiêncio para deixar "NEOQEAV" na última folha e enrolou tudo de novo. Não havia limites para onde "NEOQEAV" pudesse surgir. Pedacinhos de papel com "NEOQEAV" rabiscado apareciam grudados no volante do carro que eles dividiam. Os bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos e deixados debaixo dos travesseiros. "NEOQEAV" era escrita com os dedos na poeira sobre as prateleiras e nas cinzas da lareira. Esta misteriosa palavra tanto fazia parte da casa dos meus avós quanto da mobília.
Levou bastante tempo para eu passar a entender completamente e gostar deste jogo que eles jogavam. Meu ceticismo nunca me deixou acreditar em um único e verdadeiro AMOR, que possa ser realmente puro e duradouro. Porém, eu nunca duvidei do amor entre meus avós. Este amor era profundo. Era mais do que um jogo de diversão, era um modo de vida. Seu relacionamento era baseado em devoção e uma afeição apaixonada, que nem todo mundo tem a sorte de experimentar.
Vovô e Vovó ficavam de mãos dadas sempre que podiam. Roubavam beijos um do outro sempre que se batiam um contra o outro naquela cozinha tão pequena. Eles conseguiam terminar a frase incompleta do outro e todo dia resolviam juntos as palavras cruzadas do jornal.
Minha avó cochichava para mim dizendo o quanto meu avô era bonito quando jovem e como ele havia se tornado um velho bonito e charmoso. Ela se gabava de dizer que sabia como pegar os namorados mais bonitos.
Antes de cada refeição eles se reverenciavam e davam graças a DEUS e benção aos presentes por sermos uma família maravilhosa e para que continuássemos sempre unidos.
Mas... uma nuvem escura surgiu na vida de meus avós: minha avó tinha câncer de mama. A doença tinha primeiro aparecido dez anos antes. Como sempre, vovô estava com ela a cada momento. Ele a confortava no quarto amarelo deles, que ele havia pintado dessa cor para que ela ficasse sempre rodeada da luz do sol, mesmo quando ela não tivesse forças para sair. Tempos depois, o câncer atacou novamente seu corpo. Com a ajuda de uma bengala e a mão firme de meu avô, eles iam à igreja todas as manhãs. Mas...minha avó foi ficando cada vez mais fraca, até que finalmente, ela não podia sair de casa. Por algum tempo, meu avô resolveu ir à igreja sozinho, orando à DEUS para zelar por ela.
Então...o que nós todos temíamos aconteceu. Vovó partiu.
"NEOQEAV" foi gravada em amarelo nas fitas cor de rosa dos buquês de flores do funeral da vovó.
Quando os amigos começaram a ir embora, minhas tias, tios, primos e outras pessoas da família se juntaram e ficaram ao redor da vovó pela última vez.
Vovô ficou bem junto da vovó e num suspiro bem profundo, começou a cantar para ela. Através de suas lágrimas e pesar, a música surgiu como uma canção de ninar que vinha bem dentro de seu ser.
Sentindo-me muito triste, nunca vou me esquecer daquele momento. Porque eu sabia que mesmo sem ainda poder entender completamente a profundeza daquele AMOR, eu tinha tido o privilégio de testemunhar a beleza sem igual que aquilo representava.
Aposto que a esta altura, você deve estar se perguntando:
-"Mas, o que significa NEOQEAV"?
NEOQEAV : NUNCA ESQUEÇA O QUANTO EU AMO VOCÊ .