terça-feira, 20 de novembro de 2007

O ÚLTIMO NATAL

Todos nós, sempre pensamos no próximo Natal. Issó é da natureza humana. Nós pensamos no futuro como se as coisas nunca terminassem.
E nos momentos mais difíceis, quando percebemos que há um fim, que se avalia que muitos momentos não mais acontecerão, que pode ser a última vez, a última palavra, o último beijo, o último sorriso...
Foi num desses momentos quando meu avô Eloi estava muito doente que, muito pequena com apenas dois anos e meio participei do último Natal do vovô.
Desde que ele ficou doente, eu, meu irmão, mamãe que é a filha dele e papai íamos até Bragança Paulista, no sítio onde ele morava para ajudá-lo, dar-lhe carinho , atenção e amor.
Muito bacana é que o vovô que sempre foi um homem durão, nos seus últimos meses descobriu um novo jeito de mostrar seu amor como nunca tinha feito.Comigo ele deixava que eu fizesse todo tipo de bagunça, com meu irmão ele ensinava sobre coisas da natureza, como a forma que o João de Barro faz sua casinha ou se colhe e tira o grão de feijão. Com a mamãe ele conversou muito e arrumaram uns assuntos do passado e tiveram a chance de dizer um ao outro que se amavam. Até o papai ouviu bons conselhos.
Mas o que aconteceu foi o seguinte.
Somos uma família com muitos tios e primos, muito festeira, cheia de bons amigos e sempre viajamos muito. No Natal de 2001 , vovô estava muito doente e nós sabíamos que aquele seria o seu último Natal.
Que valor teria um Natal cheio de presentes e alegria se os próximos fossem só de saudades e arrependimentos?
Resolvemos passar o Natal com o vovõ.
Fizemos as comidas e assim foi.
Nós 4, vovô e sua companheira.
Até ganhei presentes não tantos como de costume, nem fizemos tanta farra, mas foi um Natal muito importante, para o vovô e também para mim, que no dia do nascimento de Jesus, aprendi que a gente nasce para a vida a cada dia, a cada gesto de amor ao próximo.
Tenho certeza que a nossa presença foi o melhor presente que meu avô podia ganhar no seu último Natal, cheio de amor, sorrisos e carinho. Cinco meses depois o vô Eloi morreu, mas naquele natal nasceu no nosso coração, junto com o menino Jesus um sentimento lindo de fazer das nossas atitudes um dia de Natal.
Giovanna Marra 2. ano

Nenhum comentário: