Lembrei-me de uma manhã em que encontrei um casulo preso à casca de uma árvore, no momento em que a borboleta rompia o invólucro e se preparava para sair. Esperei algum tempo, mas estava com pressa e ele demorava muito. Enervado, debrucei-me e comecei a esquentá-lo com meu sopro. eu o esquentava, impaciente, e, o milagre começou a desfiar diante de mim em ritmo mais rápido que o natural.
Abriu-se o invólucro e a borboleta saiu arrastando-se. Não esquecerei jamais o horror que tive então: suas asas ainda não se haviam formado e com todo o seu pequeno corpo trêmulo, ela se esforçava para desdobrá-las . Debruçado sobre ela, eu ajudava com o meu sopro. Em vão. Um paciente amadurecimento era necessário, e o crescimento das asas se devia fazer lentamente ao sol: agora era muito tarde. Meu sopro havia obrigado a borboleta a se mostrar, toda enrugada, antes do tempo. Ela se agitou , desesperada, e alguns segundos depois, morreu na palma de minha mão.
Creio que esse pequeno cadáver é o maior peso que tenho na consciência pois, compreendo atualmente , é um pecado mortal violar leis da natureza. Não devemos apressar-nos, nem impacientarmos, mas seguir com confiança o ritmo eterno...
Autor desconhecido
Como gosto destes textos que nos permitem refletir e meditar...a respeito da vida, dos valores, das crenças, do respeito à individualidade, do esperar o amadurecer...
2 comentários:
O magnífico trecho citado, que pode dialogar com a passagem bíblica contida no Capítulo 3 de Eclesiastes, é de autoria do grande escritor, poeta e filósofo grego do século XX, Níkos Kazantzákis, e está contido no maravilhoso livro "Zorba, o Grego".
O magnífico trecho citado, que pode dialogar com a passagem bíblica contida no Capítulo 3 de Eclesiastes, é de autoria do grande escritor, poeta e filósofo grego do século XX, Níkos Kazantzákis, e está contido no maravilhoso livro "Zorba, o Grego".
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